30/09/2010

A AG de ontem e o protesto sportinguísta


O dia começou com uma revelação - as calças de ganga estão proibidas aos funcionários do Sporting, para "cultivar a imagem profissional, questão com impacto importante na representação e imagem do clube". Mais tarde, na AG da SAD, viram-se umas quantas calças de ganga, ou jeans, entre pessoas do staff lisboeta. E sobretudo nos mais de 100 contestatários que, de forma cívica, se foram juntando perto do edifício-sede para protestar contra a actual direcção e o momento leonino. "Sporting, acorda" foi uma das frases mais ouvidas entre o movimento que critica a gestão de José Eduardo Bettencourt, sem esquecer os presidentes desde 1995. Mas as farpas não ficaram por aí e, no auditório de Alvalade, onde se realizou a AG, alguns accionistas de calças vincadas (grande parte estavam assim vestidos) também não pouparam os dirigentes - e o ambiente aqueceu...

Logo de início, e numa altura em que, pela primeira vez, se ouviram na sala os protestos que já vinham da rua (sempre bem "protegidos" por muitos polícias, a ponto de o contingente destacado ser semelhante ao de um jogo de alto risco, com corpo de intervenção e tudo...), ouviram-se as primeiras manifestações contra a actual administração da SAD. Mas, como era de esperar, tudo o que foi apresentado passou com maioria - por exemplo o ordenado do presidente, José Eduardo Bettencourt (Nobre Guedes, Sousa Louro e Lino de Castro serão administradores remunerados, mas o líder, questionado sobre o montante, negou-se a dar mais explicações), passará a ser 300 mil euros brutos por ano. Com uma nuance - JEB decidiu abdicar dos "variáveis", que devem passar por prémios pelos desempenhos desportivos e económico-financeiros.

Ainda assim, os accionistas presentes ficaram surpreendidos com a abstenção de Pedro Baltazar, o antigo administrador não-executivo, que detém 11,67% de acções da SAD (por via Nova Expressão) e que em breve deverá negociar todos esses "papéis" com o próprio Sporting. No final, cerca de 85% votaram a favor.

A apresentação do relatório e contas, que também passou sem a mínima dificuldade, acabou por suscitar maiores críticas, não só pelo resultado em si - mais de 26 milhões de euros de prejuízo no exercício - mas, e principalmente, pela política de contratações, pelos resultados e pelos gastos. "É uma vergonha justificar-se com o azar, senhor presidente", exclamou mesmo um dos accionistas mais críticos dentro da sala e que tocou num caso específico: Pongolle.

José Eduardo Bettencourt, numa primeira instância, chegou a dizer que havia muitos outros jogadores que foram contratados e não renderam, mas mais tarde admitiu que o francês acabou por não ter o rendimento esperado. Um pouco mais aceso, disparou: "Posso ser nabo e incompetente a nível desportivo mas sou tão ou mais sportinguista que o senhor." "Vigarista é que não sou", completou. Sobre o fundo irlandês que detém metade dos passes de Torsiglieri, Dier e Tobias, as explicações ficaram guardadas para o próximo relatório. "Os investidores pediram-nos discrição e respeitamos isso", foi explicado.

IN ionline

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